quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Raça X Nacionalidade (13)


Infelizmente, esse final de década tem sido bastante duro com os corações dos fãs de música argentina: depois da morte de Mercedes Sosa, que nos deixou em outubro passado, agora foi Sandro ("El Gitano") quem faleceu. A representatividade de Sandro na Argentina é, sem exageros, quase a mesma de Roberto Carlos, no Brasil. E não apenas na popularidade, mas em termos de longevidade e influência os dois são muito semelhantes.

Assim como Roberto, Sandro foi o "pai do rock" nacional tendo, qual RC, participações importantes no cinema. Foi autor de inúmeros sucessos nos anos sessenta e setenta, e atingiu um feito histórico: foi o primeiro artista latino-americano a lotar o Madison Square Garden (1970). Ele foi, também, o primeiro cantor a realizar uma apresentação via satélite.

Esses dados já seriam suficientes para mostrar o quão importante Sandro foi (curiosamente, seu nome também era Roberto, mas não Carlos: Sánchez), mas há que se ressaltar também a sua permanência ao longo de gerações: nos anos 90, vários grupos e artistas pop da Argentina renderam-lhe um disco tributo: "Padre del rock en castellano" - exatamente como aconteceu com Roberto Carlos e o disco "REI", em 1994.

trecho de filme com participação do cantor

Feita essa introdução, vamos ao que interessa: já falamos no post sobre Mercedes Sosa da pouquíssima divulgação da música argentina (e latino-americana, em geral) no Brasil. Falamos também de como essa não-divulgação contribui para que se pense que aquele é somente (essa é a palavra) o "país do tango".

Não, não é. A Argentina teve e sempre terá Gardel, sim. Tem também o grandioso Piazzola, um dos músicos mais cultuados pelos grandes nomes da MPB. Mas a Argentina é também o país de Sosa, de Sandro, de Charly García, do Attaque 77, de Rafael Amor (gênio!), de Fito Paez, de Helena Cullen e de Gabriela Andres, sem falar dos grupos de eletrotango, da Cumbia ou da Chacarera.

Em suma: a música argentina tem muito a oferecer, e pode agradar os mais diferentes gostos.

Mas ainda que se tenha a internet e outros tantos meios disponíveis para se encontrar e conhecer a música vizinha, muitos preferem permanecer no pré-conceito, e simplesmente destilar ironias que dizem muito mais sobre o autor do que o objeto.

Por exemplo, no site Terra, onde há espaço para comentários, na matéria que noticiava a morte do cantor, os comentários eram os seguintes:

... se segue a linha do RC não é a toa que não conheço! Gosto de cantores coim boa voz e mais conteudo, menos romantismo e baba-ovo!

Tão conhecido, que eu nunca, nunca, ouvi falar desse sujeito !

O reporter é horroroso hein? O cantor é um dos melhores músicos? Conhecido na america latina? Ou na américa espanhola? Niunca ouvi falar., E já estou meio velho...

2 comentários:

  1. Pro camarada Roberto Carlos não tem boa voz nem conteúdo. Ele deve ser um Pavarotti pra falar.

    "se esse argentino é igual, nem conheço!"

    Essas são as "pessoas comuns" do Brasil?

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  2. Em resposta aos que fizeram esse comentario ruim e sem noção, Sandro foi e sempre será o maior icone do rock latino. Isso sem falar que Sandro foi o maior idolo que eu tive na vida!!!!!! O cara é sem duvida, melhor que muito cantor brasileiro dos dias atuais.

    Atenciosamente
    Luís Felipe Ribeiro
    (11) 7233-1549

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