domingo, 23 de maio de 2010

Raça X Nacionalidade (24)


Um mês atrás, o jogador Daniel Alves (lateral-direito, reserva da seleção brasileira e um dos grandes nomes do Barcelona) foi vítima de insultos racistas por parte da torcida do Espanyol, em partida válida pelo campeonato nacional da Espanha.

Tal fato, infelizmente, não é inédito no país nem no futebol local. Ainda no começo dos anos 80, Barcelona e Athletic de Bilbao jogaram a final da Copa do Rei, e quando Maradona pegava na bola, quase todo o estádio gritava: "Índio! Índio!", em referência à origem sulamericana do craque.

Mas o caso mais grave e de maior repercussão foi o do camaronês Samuel Eto'O, em jogo do Barcelona contra o Zaragoza.

A gravidade nesse(s) caso(s) é muito maior do que a maioria dos que já apontamos aqui, pois mostra uma quantidade grande de pessoas tendo atitudes vis sem que pudessem alegar qualquer 'reação' - seria raiva pelo talento dos adversários?
Porém, o racismo que, como já vimos diversas vezes, é sempre delegado aos estrangeiros (preferencialmente argentinos e, nesse caso, espanhóis), teve um episódio muito semelhante em terras brasileiras.
25 de outubro de 2005. Juventude e Internacional jogam no estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul-RS. O volante Tinga, que jogava no Colorado, toda vez que pegava na bola ouvia o estádio imitar o som de macacos.
O juiz reportou na súmula o ocorrido, e depois de julgamentos no STJD, o Juventude perdeu seu mando de campo por dois jogos e sofreu multa de R$ 200 mil.
Dias depois, o senador gaúcho Paulo Paim - nascido em Caxias - proferiu interessante discurso, do qual destacamos trechos:
"Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vim a esta tribuna por diversas vezes criticar clubes, pessoas, entidades por crime de racismo, e confesso, Sr. Presidente Senador Tião Viana, é com muito tristeza que venho à tribuna, no dia de hoje, eu que falei do racismo na Bahia, que falei do racismo em São Paulo, que falei também em crime de racismo em Porto Alegre, que falei em crime de racismo aqui em Brasília, no dia de hoje tenho que falar de um crime de racismo na minha cidade natal.
(...) Sei que Caxias do Sul, cidade do vinho, da uva, de um enorme parque industrial - e fui metalúrgico lá - não é uma cidade preconceituosa ou racista. Existe em Caxias, como existe em todo o Brasil, em quase todo o mundo, vide o exemplo da França, atos de pessoas que cometem crime de preconceito, ou seja, crimes considerados racistas".

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