quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Muito Além do Futebol... (37)

Pesquisando na internet encontramos esse blog, dedicado a crônicas sobre futebol. A linguagem utilizada é bastante informal, e bem-humorada. O texto a seguir pode ser lido na íntegra clicando no link, mas selecionamos a primeira parte pois é a que narra as a(des)venturas de um argentino que veio morar no Brasil, e a difícil convivência em épocas de Copa do Mundo.

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Em 83 ou 84 nos mudamos para o Rio. Aqui foi o terreno neutro e tolerante onde la milonga e o queijinho de minas poderiam se desenvolver melhor. Aqui minha família se tornou rubro negra e a argentinidade se aflorou mais, já que, no Brasil, se você é argentino, não tem muito como fugir ou amenizar isso. Ainda mais se chamando Alejandro e a maioria das pessoas (principalmente se porteiros) não sabendo pronunciar o seu nome e perguntando, em seguida, de onde você é. Ah! Argentino, é?!… Chamadas na escola eram um saco e eu fatalmente já virava assunto em pauta, logo de cara, pois estava na letra A, e já estava fatalmente visado como O Argentino da sala e, muito em breve, da escola. O mais bizarro disso tudo é que por uma letra minha vida poderia ter sido diferente. Isso não tem nada a ver com Numerologia, mas com Fonética. La jota (ou xota). Fosse um X, duplo S, até mesmo duplo R, ou outro nome qualquer sem J ou Ñ ou LL tudo teria sido mais ameno… E as pessoas quando perguntam ou lêem o seu nome não chutam: É espanhol? Chileno? Uruguaio? Mexicano? O top of mind e o que se precisa desmascarar é “Argentino?!” Em 90, quando a Argentina despachou o selecionado canarinho da Copa, eu fui literalmente caçado. Meus amigos da vizinhança, no dia da derrota, tocaram no meu interfone pouco depois da partida: “Desce aí, argentino safado!” E ainda pude ouvir uma voz mais afastada junto com o trânsito: “Isso não vai ficar assim!”. Mas ainda estamos nos anos 80.


Um comentário:

  1. Sei bem como é isso, sofro sérias perseguições na faculdade onde estudo.

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