domingo, 6 de março de 2011

Isso é Jornalismo! (32)

Uma excelente dica é que se acompanhe o site "Brazucas no Mundo": brasileiros que moram em quaisquer países estrangeiros são convidados a hospedarem seus textos no portal. Cada país tem sua própria página e, assim, encontramos o "Brazucas na Argentina".

São textos variados: encontra-se desde blogs de fotografia a guias turísticos especiais para crianças. De modo geral, os brasileiros contam suas impressões e vivências no país vizinho. E a imensa maioria é positiva.

Postaremos a seguir o texto "Entre Sambas e Milongas", escrito por Monica Ramalho e publicado no final de fevereiro no blog "Caixinha de Música":


A afinidade entre as músicas brasileira e argentina é antiga. Quem não lembra de Mercedes Sosa combinando sons com a rapaziada do Clube da Esquina? Ou da parceria entre Herbert Vianna e Fito Paez? Bem, há mais uma dupla na mesma seara, formada pelo saxofonista, flautista e compositor brasileiro Mário Sève e pela cantora e compositora argentina Cecilia Stanzione.

Os dois se apresentam na Sala Baden Powell, em Copacabana, no próximo dia 25. No roteiro, sambas, milongas, boleros e zambas de própria autoria, como “Piedra o barrilete”, “Rueda gigante” e “Canción necesaria”, gravada originalmente por Carol Saboya. O público também vai conhecer uma versão de Cecilia, em castelhano e ainda inédita, para “Filosofia”, clássico de Noel Rosa.

“Cecilia é uma grande poetisa e dona de uma das vozes mais lindas que já ouvi… Uma cantora intensa como fazia tempo não escutava”, derrete-se o parceiro, músico da banda de Paulinho de Viola e integrante do quinteto Aquarela Carioca e do conjunto de choro Nó em Pingo D´Água. Trocamos uma ideia com Cecilia Stanzione para saber o que pensa sobre viver e trabalhar em terras (e praias) cariocas. E é bom avisar: o primeiro disco da dupla já está a caminho!

CAIXINHA DE MÚSICA – Há quanto tempo você está morando no Rio de Janeiro? Qual bairro escolheu para viver? O que mais gosta da cidade?
CECILIA STANZIONE – Estou morando no Rio há um ano e meio. Escolhi Ipanema porque queria ficar perto da praia. Gosto de muitas coisas desta cidade. A simpatia e solidaridade do povo brasileiro me fazem muito feliz e é o que eu quero para a vida da minha filha Maia, que vai fazer 7 anos em abril.

CAIXINHA – O que acha que as músicas brasileira e argentina têm em comum? Que músicos nossos você imagina que agradariam os seus compatriotas?
CECILIA – A duas músicas têm, realmente, muito a ver. O choro, embora não seja muito conhecido lá, está bem proximo do tango nas melodias e no fraseado. Os músicos brasileiros são referências para quem vive de música na Argentina e no resto do mundo. Acredito que existem vários músicos daqui que deveriam ser mais conhecidos no meu país, como o Paulinho da Viola. Quem gosta de samba – e quem não gosta? – tem de ouvi-lo!

CAIXINHA – Conta um pouco sobre o trabalho que você está criando com Mário Sève, um de nossos brilhantes instrumentistas.
CECILIA - O trabalho com o Mário comecou por essas coisas da vida e da realidade virtual que estamos vivendo. A gente fez muitas músicas juntos antes do encontro ao vivo. Tudo através da Internet. Isso deu como resultado um disco que eu adoro porque acho muito inspirado, com letras minhas e músicas dele. É um disco de canções. Dessas canções fáceis de ouvir, que batem antes no coração. A música do Mário é muito rica, mas também tem esse jeito clássico e não pretencioso que acho fundamental.

mario-e-ceciliaCAIXINHA – Como vocês combinam as canções dos dois países no roteiro? Qual é o critério: sonoridade, mensagem, intuição?
CECILIA – O roteiro vai misturando músicas de ambos os países, dando prioridade às semelhanças. Minhas letras em espanhol, feitas especialmente para as bossas, os sambas e os tangos do Mário, que é carioca, fazem acreditar na música como uma linguagem universal mesmo. A sonoridade é simples: bem acústica, com o violão argentino do Rene Rossano e piano e acordeão do Gabriel Gestzi. Mario toca sopros e eu canto e toco alguns instrumentos de percussão.

CAIXINHA – Você é muito conhecida na Argentina. Como está sendo, de certa forma, recomeçar em outro país?
CECILIA – É duro, mas gosto de desafios e os procuro constantemente. Claro que tería sido mais fácil, num certo sentido, ficar lá, trabalhando na TV e nos teatros e fazendo gravações na minha língua natal.Mas quando comecei a viajar pelo Brasil, senti que deveria passar um tempo aqui, cumprir uma etapa. E acredite que não me arrependo.

CAIXINHA – Pode adiantar para nós algo do repertório e falar da banda e do clima do show que vocês vão fazer dia 25 de fevereiro na Sala Baden Powell? E depois, o que podemos esperar dessa dupla?
CECILIA - Haverá canções tradicionais da Argentina e do Brasil, e também de outros países latinoamericanos, como Peru. Será um encontro intimista e tranquilo. Sempre gostei de fazer música usando os silêncios, além dos instrumentos e da voz. O Mário é dos poucos que entendem esse meu estilo. Por enquanto está certo o nosso show em Copacabana. Depois vamos lançar o disco “Cancion necesaria”, mas ainda não temos nada marcado.

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