sábado, 26 de março de 2011

Isso é Jornalismo! (33)


Na última semana, dois atos grotescos se sucederam: o primeiro deles na Rússia: um "torcedor" do clube russo Anzhi ofereceu uma banana ao jogador brasileiro Roberto Carlos, que defende as cores da referida equipe. O outro aconteceu no Brasil: o deputado Júlio Campos referiu-se ao ministro Joaquim Barbosa como 'aquele moreno escuro'.

Como dito de início, as duas atitudes/situações são igualmente deploráveis, e oriundas do mesmo sentimento: preconceito. Mas é óbvio que enquanto o 'caso russo' foi noticiado incessantemente, inclusive gerando análises do tipo "isso é comum na Europa", sempre delegando aos outros uma espécie de 'racismo inerente', carregada também do 'ódio a brasileiros'.

Já a questão da ofensa do deputado, não ocupou os grandes noticiários da maneira devida, ficando muito mais a cargo de jornalistas competentes e imparciais, como é o caso de Paulo Henrique Amorim. Em seu blog, onde combate o preconceito de forma ímpar e usa fatos concretos para mostrar como é ridícula a ideia de que o Brasil "não é racista", Amorim fez um excelente post (que reproduziremos abaixo) comentando a (mais que) infeliz frase do deputado.

O racismo não é russo, brasileiro ou argentino: é inerente ao ser humano.


Saiu na primeira página do Globo, instituição em que trabalha Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da TV Globo e autor do livro “Nós não somos racistas”, que, para o Secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Almiro Sena, coonesta o racismo.

O deputado Julio Campos, do DEMO de Mato Grosso – onde só vivem arianos, como se sabe – se referiu ao Ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, como “moreno escuro”. O nobre deputado – não, ele não é racista! – argumentava que não adianta nada político ter foro privilegiado porque “ … depois, você cai nas mãos daquele moreno escuro lá do Supremo. Aí, já viu …”

Depois, o deputado explicou que se referiu ao “moreno escuro” porque não se lembrava do nome do Ministro. O líder do DEMO, o nobre deputado ACM Neto, da Bahia, Estado brasileiro habitado por escandinavos, confirmou: “na hora ele esqueceu o nome de (sic) Joaquim Barbosa”.

E se alguém se esquecer do nome do nobre deputado ACM Neto da Bahia – como deve chamá-lo?

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