quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Raça X Nacionalidade (72)

No futebol, há dois tipos de manifestações de preconceito: uma, aquela que ocorre dentro de campo, e muitas vezes não se tem provas, salvo em casos onde há flagrante via áudio ou video. Importante lembrar que tais ofensas não se restringem à cor da pele, mas muitas vezes se dão com relação ao local de nascimento, à descendência ou também quanto à condição sexual.

O outro tipo de ofensa ocorre por parte de torcedores, seja por gestos isolados - atirar uma banana no campo, por exemplo - ou coletivos, como cânticos organizados.

Tanto uma quanto outra manifestações têm sido vistas nos últimos tempos de forma constante e irrestrita: acontecem várias vezes num ano, e em diversos países.

Não há racismo ou discriminação "menos pior", mas certamente aquela que vem de torcedores é mais contundente pois: 1) o ato deixa de ser individualizado; 2) não há qualquer desculpa ou justificativa como o famigerado "calor do momento", etc.

Na última quarta-feira, em jogo Real Garcilaso X Cruzeiro, válido pela Libertadores da América, o jogador Paulo César Nascimento, mais conhecido como "Tinga", foi ofendido por torcedores da equipe rival: os peruanos imitavam um som de macaco cada vez que Tinga pegava na bola.


Uma atitude PODRE. Ridícula, lamentável e completamente condenável. Personalidades do futebol e fora dele prestaram apoio a Tinga.

Chama atenção, no entanto, que na maioria das coberturas do fato, o ato dos peruanos foi lançado como sendo um erro dos locais, dando-lhes a pecha de racistas, etc, como já muito discutimos aqui: situações semelhantes ocorreram, como dissemos, no Paraguai, na França, na Espanha, na Rússia, na Argentina, etc.

Mais intrigante, porém, é que essa não é a primeira vez que a referida situação, ipsis litteris, ocorre com o próprio Tinga: e a primeira não foi no Peru.

Dos veículos com bom alcance que noticiaram o caso no peru, somente o SPORTV (clique aqui para ver matéria do SPORTVNEWS) e o Terra (leia aqui o texto do portal) relembraram a situação ocorrida em Caxias do Sul-RS, em outubro de 2005.

Abaixo, uma fotocópia da súmula do árbitro na partida Juventude X Internacional, válida pelo Campeonato Brasileiro de 2005:


Esqueçamos: racismo não é coisa de peruano. Nem de gaúcho. Nem de espanhol. Nem de argentino. De nenhum país ou povo.

É coisa nossa.

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