segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Isso é Jornalismo! (70)

Formidável texto (versão completa aqui) do britânico Tim Vickery, já mencionado em nosso blog em outra oportunidade.

Selecionaremos alguns trechos.

Palavra 'gringo' revela ignorância de quem a usa

(...)

Uma rápida história: há alguns anos eu voltava para o Rio, acho que vindo do Paraguai, quando fiz uma conexão em São Paulo. Enquanto esperávamos dentro do avião na pista, comecei a conversar com uma jovem sentada ao meu lado. Ela era doméstica e voltava para o Rio depois de férias em sua terra natal, o Nordeste. Era a sua primeira viagem de avião. Fiquei feliz em ouvir um exemplo concreto de como o país está estava progredindo.

Daí um grupo de turistas ingleses embarcou. (...) Minha nova amiga não parecia muito contente com a situação: 'Dá vontade de dar um soco bem na cara deles, não dá?'. Não, não dá. Decidi não revelar minha nacionalidade. Eu era um deles. Preferi por fim à conversa. A vida é curta demais para perdê-la com xenófobos.


É bom dizer que esse comportamento é pouco representativo do povo brasileiro. Posso falar com alguma experiência. (...) Mas é inquestionável que existe uma minoria xenófoba. E não poderia ser diferente

(...)

Por que se fala em 'gringo' se já existe o termo 'estrangeiro'? A resposta: porque a primeira vem carregada de conotações. 'Estrangeiro' é neutro. 'Gringo', não. O pejorativo está presente, mesmo que nesse dias isso aconteça de forma bastante sutil (...) Nenhum termo pejorativo, por mais inofensivo que seja, pode realmente ser aplicado com qualquer grau de precisão a 97% da população mundial. Cada vez mais, a palavra 'gringo' reflete mais a ignorância de quem a usa do que o alvo em questão.

Um comentário:

  1. "Gringo" na Argentina é ainda mais utilizado. Além de mil outros termos xenófobos.

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