No final do ano passado, me surpreendi ao escutar pela televisão a notícia de que Alcides Ghiggia, o grande jogador uruguaio, seria honrado na calçada da fama do estádio do Maracanã.
E essa surpresa aconteceu por dois motivos distintos: pelo fato de ter acontecido quase 60 anos depois,e por ter sido uma homenagem a um "carrasco" brasileiro: ele foi o autor do gol que deu a vitória por 2 a 1 para o Uruguai na Copa do Mundo de 1950, contra o Brasil, em pleno "Maracanazzo".
Minha surpresa seguiu quando eu soube que Ghiggia era apenas o sexto estrangeiro a receber tal honraria (centenas de brasileiros já foram homenageados desta forma, muitos com história infinitamente menor que a de Ghiggia no esporte).
E a minha surpresa chegou ao nível de descrença quando soube quem foram os outros 5: o sérvio Petkovic, o paraguaio Romerito e o chileno Figueroa, por terem se destacado e feito história em times brasileiros, além de Franz Beckenbauer e Eusébio, gênios incontestes de Alemanha e Portugal, respectivamente, responsáveis pelas maiores conquistas de seus clubes e seleções.
Como visto, nenhum argentino na lista. E, como visto, nada de Maradona constar ali. Pensei com meus botões: "talvez Maradona ainda esteja muito novo para ser homenageado dessa forma", mas aí lembrei que Petkovic nem chegou aos 40. Depois me ocorreu que pudesse ser por que a história de Maradona no futebol não seja tão grande quanto a dos outros que não atuaram por clubes brasileiros, mas aí me lembrei que Eusébio nunca ganhou uma copa, e Beckenbauer teve o mesmo número de conquistas de Diego.
Por fim, pensei: "vai ver é porque Maradona nunca jogou por aqui, coisa que os outros fizeram [Eusébio jogou no Beira-Rio, em 1968]". Então, fui pesquisar um pouco mais e encontrei os três videos a seguir.
O primeiro deles é de 1981, num amistoso entre Flamengo e Boca Juniors, que promoveu o primeiro encontro entre os dois gênios sul-americanos da época:
Aqui, na semifinal da Copa América de 1989, Diego faz uma daquelas jogadas popularmente conhecidas como "o gol que Pelé não fez":
E, por fim, em março de 1993, Maradona vai a São Paulo em partida amistosa. Ao final, faz questão de encontrar Telê Santana, a quem chama de mestre:
E eu continuo sem entender por que Maradona até hoje não foi homenageado no Maraca... Só espero que não leve mais 60 anos, como Ghiggia.
Se as coisas continuarem como estão, ele nunca será homenageado no Brasil...
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