sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Isso é Jornalismo? (25)

Em outubro de 2009, o Engenheiro Eletrônico e ex-Oficial do Corpo de Fuzileiros Navais (não custa lembrar que tem por alguns de seus objetivos garantir a paz e a segurança social em todo território nacional nos distritos navais e zelar pela segurança da embaixada brasileira, portanto, uma pessoa pública que possui sérios compromissos) Virgílio Freire, proferiu em seu blog acusações de uma possível retaliação do Brasil para com a Argentina em relação ao comércio no MERCOSUL.

Utilizando-se da “regra geral” – preconceito ao país vizinho - tantas vezes demonstrada aqui,
Virgilio acusa a Argentina de usar do Mercado para tirar “vantagens” sobre o Brasil. Discorre sobre um possível “abuso” nas alfândegas e garante que os acordos do MERCOSUL são benéficos apenas para os argentinos e diz que a Argentina “endurece” as relações com o Brasil, e facilita para os demais países.

Enriquecendo o leque de acusações, o engenheiro ironiza a expressão hermanos e ácidamente comenta que a Argentina é apenas “ouvinte” no G-20, supervalorizando a mesma participação brasileira, sem embasamento algum para tal afirmação:


Está na hora de o Brasil fincar pé e mostrar aos argentinos que não é por acaso que estamos no G20 (eles também, mas apenas como ouvintes...).”


Julgando através do senso comum brasileiro, pede o "fim da arrogância argentina" (?), e reafirma o “troco” da economia brasileira. Isso posto, disse que o governo argentino se sentiu ofendido e pediu explicações a embaixada brasileira e que a presidente do país vizinho pensa que o Brasil é um país pequeno, daí o “basta”.


Perceptível, porém, é que todos os julgamentos de Freire são baseados na velha prática de perseguição a qualquer assunto que envolva a Argentina, já que no caso “Petrobrás” envolvendo Brasil e Bolívia, não chegou os mesmos conceitos – de que o povo Boliviano sempre “endurece” quando um assunto é tratado com o Brasil, ou que fomos considerados “pequenos” na negociação.

Entretanto, o ministro das relações exteriores da Argentina, Jorge Taiana, ressaltou a necessidade de se caminhar para um comércio bilateral mais "equilibrado", já que em 2008, o Brasil teve um superávit comercial de US$ 4,3 bilhões com o país vizinho.

"Buscamos um comércio equilibrado. Não se pensa igual em todos os pontos de vista. Há interesses que não são exatamente os mesmos, mas há uma vontade de buscar soluções e acordos que, em princípio, fortaleçam integração e fazê-lo mais equilibrado",
disse Taiana.


O Chanceler brasileiro, Celso Amorim, propôs formas de apoiar o comércio dos dois países, e concordou em encarar as dificuldades que podem haver em um outro setor, de maneira compreensiva.


O Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior da época, Miguel Jorge, não informou quantos produtos seriam abrangidos pelo restabelecimento de licenças não automáticas de importação, e negou veementemente que a medida adotada fosse algum tipo de “retaliação” (como colocou Virgilio, em clima de guerra) em relação ao governo Argentino, pedindo para o que a Argentina reavaliasse sua política de licenças não automáticas para as vendas brasileiras. Afirmou o ministro:


"A expectativa é que as importações argentinas demorem um pouco mais [com as licenças não automáticas]. Para ver quais são os produtos importados. Precisamos avaliar exatamente o que está acontecendo com as importações da Argentina".


Sobre não haver um posicionamento formal por parte do governo, respondeu:


"Esse tipo de medida você não anuncia. É como anunciar o IOF"


É perceptível a tentativa de Virgilio – alguém que poderia influenciar as pessoas positivamente, e não o contrário -, desvirtuando o assunto e manifestando seu preconceito com os argentinos, demonstrando um revanchismo desrespeitoso e surreal, já que o objetivo geral de ambos os países é atingir um consenso econômico, e não uma guerra - como dissemos anteriormente, tornou-se “regra” atribuir situações negativas ao povo argentino, e é isso que não queremos.

2 comentários:

  1. Carlos Alberto Richa2 de outubro de 2010 às 13:28

    Certinho... Um formador de opiniões proliferando o preonceito.

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  2. Excelente o post. Realmente é uma vergonha como a grande maioria dos brasileiros, desde adolescentes que jogam pela internet até ex-oficiais sexagenários, têm esse ódio por argentinos.

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