quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Isso é Jornalismo? (35)

Ontem, Brasil e Argentina se enfrentaram pelo "Superclássico das Américas" (versão moderna da Copa Rocca). Houve muitos pontos positivos no enfrentamento - e falaremos deles -, porém, temos a nota negativa sobre o jogo, que só poderia ter vindo de uma pessoa: o narrador Galvão Bueno.

O título da postagem, uma vez que falamos sobre o referido, parece até pergunta retórica: obviamente não se trata de jornalismo - em nenhum nível.

A questão é que Bueno, mais que a maioria dos jornalistas brasileiros, tem um alcance tremendo.

Muitos, como já colocamos aqui em diversos posts, atribuem a Galvão Bueno esse ódio que boa parte dos brasileiros têm pelos vizinhos. Só que, dessa vez, Galvão não se limitou ao tradicional "Ganhar é bom, mas ganhar da Argentina é melhor ainda", e similares.

O narrador começou sua festa particular já no início, ao explicar o porquê de a seleção do Brasil ter, na visão do mesmo, melhores jogadores que a Argentina: "isso é porque nossa economia vai muito bem, conseguimos segurar nossos craques, a Argentina nem isso consegue".

Em seguida, como que para comprovar essa superioridade, Galvão desdenha da escalação do adversário, e faz comentário especial sobre um jogador: "Para vocês terem uma ideia, foi convocado o Desábato, aquele que se envolveu na confusão com o Grafite, por racismo..."

Mas talvez a melhor (pior) parte tenha acontecido durante o primeiro tempo, quando duma intervenção de Mauro Naves, repórter de campo. Naves comentou: " é Galvão, e pra você ter uma ideia de como é séria essa rivalidade, eu estive olhando o site da federação argentina (risos), e eles tem até uma contagem diferente nas vitórias... A marca verdadeira, que a CBF passa,é de 37 vitórias pro Brasil e 34 da Argentina, mas a AFA coloca 34 argentinas e 33 do Brasil..."

Galvão entra: "é, amigo... roubaram quatro aí do Brasil". Mas, que ironia, por que Mauro Naves não foi ao site da FIFA pra ver qual a contagem oficial? Que engraçado, a contagem da federação internacional é a mesma desdenhada pelos globais...

Para terminar a forra, no intervalo da partida, Galvão pergunta ao comentarista de arbitragem Arnaldo Cezar Coelho o que este vinha achando da performance do árbitro. Arnaldo diz: "Super tranquila, o jogo está muito calmo, sem faltas duras, nada demais..." Galvão: "é, diferente do que a gente imaginou, porque era pra ser um jogo catimbado, violento...".

Na próxima quarta-feira, dia 28, teremos o confronto de volta, em Belém do Pará. Infelizmente, a chance das ofensas e erros acima acontecerem novamente é de quase 100%.

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